quarta-feira, 4 de julho de 2012

Krokodil


De certa forma, os filmes de zumbis e mortos-vivos prepararam nosso imaginário para as imagens que acompanham este artigo. Tudo começa com um esverdeamento da pele, escamação, putrefação e apodrecimento dos tecidos. Surgem feridas que aumentam até o desaparecimento dos músculos e nervos que cobrem os ossos e o resultado são verdadeiros mortos-vivos agonizando até a morte certa. Em muitos casos, também os ossos são carcomidos por uma acidez mortificante que lembra as mais horripilantes produções cinematográficas. Estes são os efeitos da droga mais popular da Rússia, o krokodil, e suas imagens distribuídas pela internet nos evocam um profundo medo sobre o que pode vir da macabra combinação entre a indústria farmacêutica, o narcotráfico e as políticas de “redução de danos” apoiadas pela ONU em todo o mundo. O fato é que tanto a imprensa internacional quanto as organizações de saúde pelo mundo têm mostrado uma preocupação velada e feito um certo silêncio em torno do assunto.
 
As drogas ilícitas já são uma epidemia na Rússia há bastante tempo – entre elas o ópio vindo da China, confirmando o temor milenar dos russos de uma invasão chinesa-mongol. Recentemente, um artigo do jurista e professor Walter Fanganiello Maierovitch publicado no Terra Magazine (talvez o único texto veiculado na mídia brasileira sobre o assunto), trouxe informações oficiais sobre o consumo de drogas no país do ex-agente da KGB e agora presidente Putin. São 70% de jovens com menos de 30 anos, entre os 6 milhões de usuários de drogas do país. E a situação tem se agravado com a proliferação da nova droga chamada krokodil (crocodil ou coaxial), um substituto da heroína feito à base de desomorfina, uma substância cerca de 10 vezes mais forte que a morfina. A mistura é feita pelos próprios usuários em um processo simples e caseiro.
O artigo de Maierovitch dá ênfase no interesse da única rede de farmácias que produz os medicamentos com os quais são feitos o krokodil, que são o Terpincod, o Codelac e o Pentalgin.  Os efeitos imediatos do krokodil são semelhantes aos da heroína, mas o custo para o usuário é três vezes menor.
 
A substância provoca necrose da pele, que fica enrugada e esverdeada. A acidez em face de certos insumos usados no preparo chega a dissolver o tecido ósseo.  As mortes decorrem de (1) envenenamento do sangue, (2) pulmonite, (3) meningite ou (4) putrefação. 
 
Não é difícil perceber uma tendência ao barateamento e maior acessibilidade de drogas que se tornam cada vez mais pesadas e mortais. No Brasil, desde a popularização da maconha o consumo de cocaína veio crescendo e hoje o crack tem substituído a cocaína, sendo que é notadamente mais forte e mortal. A divulgação de vídeos e fotos dos efeitos de drogas como o krokodil tem sido perigosa e indesejável para aqueles que defendem a liberação das drogas e pretendem lucrar com isso, já que infunde uma impressão negativa à proposta que hoje tem alcance global graças à influência de grupos ligados a centros de pesquisa psiquiátrica que as desenvolve e até de seitas que as utilizam em cerimônias místicas. Muitas agendas, portanto, seriam atendidas com a liberação total das drogas hoje ilícitas. 
Além de movimentar mais de US$ 320 bilhões no mundo, a maioria das drogas possui comprovadamente efeitos esterilizantes no corpo humano, o que reduziria a população mundial e atenderia ao anseio de centenas de cientistas e engenheiros sociais que acreditam estarem acabando com a pobreza ao impedir o nascimento de pobres, atendendo também às expectativas motivadas pelas teorias eugenistas.
 
No mundo inteiro crescem as campanhas pela legalização das drogas, concomitantemente às restrições ao uso de tabaco e álcool, usadas como artifício de credibilidade científica e demonstração de boa fé e preocupação com a saúde humana. Difícil é acreditar nesta boa fé depois de assistir aos vídeos disponíveis na internet sobre os efeitos do devastador krokodil. Mas de onde vem o interesse na liberação do uso de drogas de modo geral? Quais os reais motivos da defesa do uso para variados fins? Essa é uma pergunta difícil de responder e seria necessária uma ampla pesquisa de fontes e uma sequência de depoimentos de acesso ainda mais complicado. Uma das respostas, talvez a mais simples a partir do que temos à disposição, com certeza está na grande vantagem a uma possível governança global sobre cidadãos apáticos e sedados por prazeres mundanos e sensitivos, rebanho fácil e rentável a qualquer empreendimento de poder. Nisso também os apelos sexuais têm o seu papel, que torna o ser humano mais aberto às sugestões externas justamente por lhe faltar controle aos estímulos internos. Mas essa vantagem que o poder tem com as drogas mais fortes nos fornece uma pista a uma resposta ainda mais provável que se encontra um tanto escondida do público, embora tenha influência determinante nos rumos globais. É na possibilidade psicológica da alienação total das multidões que entra um dos fatores hoje especialmente determinantes no curso das políticas sociais globais: o poder crescente das seitas.




Meu nome é Antonio Ribeiro